quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

As Caixas de Música com Cilindro.


Desde a seu surgimento em 1820, o sistema de cilindro e hastes tem sido o mais popularmente utilizado na confecção das caixas de música, devido a sua praticidade e fácil adaptação. O mecanismo interno consiste em um cilindro giratório com pontos metálicos posicionados de determinada maneira que ao se dar corda, eles entram em contato com as hastes do pente de metal e criam uma vibração que gera o som.
Caixa de Música de 18 notas.
A posição de cada ponto de metal em relação ao cilindro é que determina qual a haste do pente será tocada e quando. As notas repetidas rapidamente são obtidas através da afinação de mais de uma haste na mesma nota, visto que uma única haste não teria tempo de voltar a sua posição de repouso e ser novamente percutida. Os pontos alinhados em fila sobre o cilindro percutirão sobre várias hastes ao mesmo tempo, produzindo assim os acordes. O tom de uma haste é correspondente ao seu comprimento, ou seja, quanto maior o comprimento, mais grave será o som, A colocação dos pontos em um cilindro requer grande habilidade, pois ritmo e afinação exige um posicionamento correto. 
Caixa de Música de 50 notas.
As caixas passaram então a serem classificadas pelo comprimento do cilindro, ou pela quantidade de hastes ou notas, presentes em seus pentes. A maioria das caixas de musica encontradas nas lojas possuem no máximo 18 notas, e executam apenas um música, caixas mais elaboradas podem ter 50, 80, 100 ou mais notas, e podem executar mais de uma música, quanto maior o número de hastes maior será a afinação e consequentemente mais harmoniosa será a melodia.

Caixa de Música à Manivela de 18 notas

 Alguns modelos apresentam mecanismos movidos à corda, no interior das mesmas existe uma mola feita de uma lingueta de metas ligada a um sistema de rosca que termina em uma chave, assim sempre que a chave é girada a mola será comprimida e ao retornar a sua posição inicial ela gera o movimento necessário para a caixa funcionar. Outros modelos utilizam uma manivela, que quando é girada movimenta o cilindro.

Com o crescente interesse pelas caixas de musica, empresas começaram a surgir e para não perderem mercado os artesões começaram a refinar o seu trabalho acrescentando primeiramente entalhes e adereços às caixas. Estas passaram a ser cada vez mais disputadas e com a popularização tornou se necessário criar modelos mais sofisticados, agregando tamboretes, sinetas, castanholas e até mesmo o efeito do som de uma harpa, passando a serem chamadas de “carrilon à musique”, estas melhorias chegaram ao seu ápice em 1862 com o desenvolvimento de um sistema que tornou possível a troca dos cilindros, criando um novo mercado, e possibilitando a aquisição de um vasto repertório.

O vídeo a baixo explica como as caixas de música são feitas nas fábricas modernas, apesar dos equipamentos e materiais utilizados hoje na manufatura delas, o mecanismo continua sendo o mesmo. Apesar de ser em inglês não é difícil entender o processo.
 
 
 
 
 



quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Um pouco da história.


Caixas de Música são na verdade instrumentos musicais mecânicos que executam obras musicais através do uso de disco, cilindros ou hastes metálicas.

A primeira caixa de música nasceu provavelmente, em 1796, pelas mãos do relojoeiro suíço Antoine Favre (1767 *-1828 ), originalmente ela foi projetada para ser integrada dentro dos relógios. Devido a esta característica o formato das primeiras caixas de musica era de um disco plano de metal com pontos que criavam o som.

Não muito tempo depois, os discos foram substituídos por um cilindro metálico com linguetas levantadas e colocadas paralelamente a uma série de lamelas individuais. Todo o processo de produção das caixas de música, neste período, era artesanal e feita por famílias camponesas todos participavam e cada caixa era montada individualmente aproveitando o tempo livre durante os longos períodos de neve. Esta atividade rendia um ganho extra para as famílias e as melhores tornaram se objetos cobiçados nas cidades.

Em 1820, visando melhorar o som e a ressonância das caixas as lamelas foram substituídas por um conjunto de linguetas em uma peça única que recebeu o nome de pente. Outros complementos passaram a ser utilizados para melhorar a sonoridade das caixas, como tamboretes de pele e carrilhões que passam a ter seus martelos decorados com pássaros ou borboletas.

As caixas de musica passaram então a ser objetos desejados, eram o centro das atenções nas casas e tinham lugar de destaque, com suas caixas grandes com entalhes elaborados e muitas vezes incrustações de madrepérola, mas eram também muito diferentes das caixinhas de música que temos hoje.

O formato atual das caixas de música é creditado a Guiseppe Di Trancredi, nascido na cidade de Aosta e herdeiro de uma próspera família de fazendeiros, estudou música e mecânica de precisão em Genebra. Funda uma fábrica de caixas de musicais em Martigny e apesar de ser um grande mestre na criação e elaboração das mesmas era um péssimo administrador e acabou sua vida na miséria, vivendo seus últimos dias em um asilo mantido pelos Franciscanos em Novarra.

Em 1977, porém uma pasta, que pertencerá a Guiseppe, contendo partituras, apontamentos e desenhos, do que seria a primeira caixinha de música moderna, foi parar nas mãos de um relojoeiro aposentado, (infelizmente não consegui localizar o nome dele), e após varias tentativas a caixa de música foi apresentada, na cidade de Novara.

Suas medidas de vinte centímetros de largura, por trinta de cumprimento e quinze de altura eram uma novidade para a época, além de toda a peça ser de uma beleza rara. A caixa, foi feita em alumínio e revestida externamente de ágata com uma delicada decoração com motivos pastoris. De tão preciso, o encaixe da tampa não pode ser visto a não ser com muita atenção, o mecanismo é acionado por uma pequena saliência existente na mão de um pastor pintado na face frontal da caixa.

Apelidada de “Maravilha de Novara”, é uma maravilha da mecânica de precisão, com um leve toque no botão a tampa da caixa levantar suavemente expondo a superfície lisa. Quando a tampa fica num angulo de cem graus, o movimento para e inicia-se a musica, uma versão da Chacona ( partida no. 2, em Ré Menor, BWV 1004) de Johan Sebastião Bach.

Após, um novo compartimento é revelado aquando um pequenino alçapão espelhado se levanta lateralmente, de maneira a formar um angulo de noventa graus com a superfície da caixa. Dentro, uma bailarina aguarda o momento de entrar em cena, no auge da musica, o fundo do compartimento em que ela se encontra sobe lentamente até ficar ao nível da superfície. Quando a operação se completa, a bailarina sai rodopiando ao som da musica, tendo seus passos seguidos pela imagem projetada no pequeno espelho.

Ao acabar a musica, a dançarina retorna ao ponto inicial, desce e o compartimento é fechado pelo alçapão, à tampa retorna automaticamente à posição inicial ao som de uma versão da Tocata e Fuga (em Ré Menor, BWV 525), também de Bach. O artefato é de moto-contínuo, de maneira que não é necessário dar corda para que funcione novamente.
 
Fontes: