terça-feira, 28 de abril de 2015

Caixas de Música com Disco.

 Como vimos anteriormente, as caixas de música surgiram na Suíça, originalmente como uma tentativa de agregar um diferencial aos seus já famosos relógios, elas funcionavam através de tambores com hastes metálicas que geravam um som. Posteriormente no século 18, o sistema foi aperfeiçoado, com a utilização do pente metálico com hastes, oque tornou possível a utilização de melodias mais elaboradas nas caixas de música.
 Isso possibilitou o surgimento de uma indústria voltada apenas para as caixas de música, na qual alguns artesões ganharam destaque, nomes como; Reymond , Freres, LeCoultre e Capt, tornaram se conhecidos pela Europa e América. O comércio das caixas com pente metálico e as de cilindros intercambiáveis floresceu como única opção até surgir em 1855 o synphonium, que utilizava um disco de cartão perfurado e o polyphon, que utilizava um disco metálico, porém a maior inovação ocorreu em 1880, quando surgiram as caixas de musica de discos intercambiáveis.
Caixa de música com discos cambiáveis - marca Mira.















O primeiro fabricante comercial das caixas de musica com discos intercambiáveis foi a Symphonion de Leipzig , da Alemanha. O novo modelo foi um grande sucesso, e logo surgiram novos fabricantes como; Polyphon , Kalliope , Adler, Fortuna , Sireon , Libellion , Stella , Mira , Lochmann , New Century e Britannia.
Symphonion de Leipzig
Polyphon
 Em 1892 Polyphon reconheceu o enorme potencial de mercado nos Estados Unidos e enviou uma equipe de funcionários para estabelecer a Regina Music Box Company, em Rahway, que foi rapidamente seguida Regina logo foi acompanhado pelos concorrentes  Capitol Manguito , Critério , Olympia , Euphonia , Coroa, Sterling , Imperial Symphonion , Mira , Imperatriz  e outras. O novo mercado cresceu rápido impulsionado pela possibilidade de se adquirir novas músicas direto do fabricante, isso acabou por criar um mercado de discos para caixas de música.
Regina

 Porém esse crescimento durou apenas até o começo do século 20, com o surgimento do fonógrafo, que acabou por tomar todo o mercado do entretenimento doméstico, oque causou o fechamento da maioria das empresas de caixas de musica com disco em 1910. As poucas que conseguiram sobreviver tiveram que diversificar a produção ou migrar para outras áreas, como para aspiradores de pó, no caso da Regina, produção de câmeras fotográficas e máquinas de escrever, como a Paillard  e algumas fizeram a transição para os fonógrafos, como a Mira com o Miraphone e Polyphon.

 A indústria caixa de música de hoje é dominada pela Sankyo do Japão. Sua linha de produtos é composta principalmente de caixsa de música com movimento, caixas de jóias com música, estatuetas, entre outras. A Reuge , S.A. em Ste . Croix, Suíça , é o último dos fabricantes suíços que atualmente produzem uma linha completa de produtos para as grandes caixas de música em estilo antigo.


Neste vídeo podemos observar o funcionamento de uma caixa modelo Mira 18 1/2 inch de 1899.

              http://www.portermusicbox.com/
              http://amilcarsoares.tripod.com/CXMUS.htm

              www.liveauctioneers.com

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

As Caixas de Música com Cilindro.


Desde a seu surgimento em 1820, o sistema de cilindro e hastes tem sido o mais popularmente utilizado na confecção das caixas de música, devido a sua praticidade e fácil adaptação. O mecanismo interno consiste em um cilindro giratório com pontos metálicos posicionados de determinada maneira que ao se dar corda, eles entram em contato com as hastes do pente de metal e criam uma vibração que gera o som.
Caixa de Música de 18 notas.
A posição de cada ponto de metal em relação ao cilindro é que determina qual a haste do pente será tocada e quando. As notas repetidas rapidamente são obtidas através da afinação de mais de uma haste na mesma nota, visto que uma única haste não teria tempo de voltar a sua posição de repouso e ser novamente percutida. Os pontos alinhados em fila sobre o cilindro percutirão sobre várias hastes ao mesmo tempo, produzindo assim os acordes. O tom de uma haste é correspondente ao seu comprimento, ou seja, quanto maior o comprimento, mais grave será o som, A colocação dos pontos em um cilindro requer grande habilidade, pois ritmo e afinação exige um posicionamento correto. 
Caixa de Música de 50 notas.
As caixas passaram então a serem classificadas pelo comprimento do cilindro, ou pela quantidade de hastes ou notas, presentes em seus pentes. A maioria das caixas de musica encontradas nas lojas possuem no máximo 18 notas, e executam apenas um música, caixas mais elaboradas podem ter 50, 80, 100 ou mais notas, e podem executar mais de uma música, quanto maior o número de hastes maior será a afinação e consequentemente mais harmoniosa será a melodia.

Caixa de Música à Manivela de 18 notas

 Alguns modelos apresentam mecanismos movidos à corda, no interior das mesmas existe uma mola feita de uma lingueta de metas ligada a um sistema de rosca que termina em uma chave, assim sempre que a chave é girada a mola será comprimida e ao retornar a sua posição inicial ela gera o movimento necessário para a caixa funcionar. Outros modelos utilizam uma manivela, que quando é girada movimenta o cilindro.

Com o crescente interesse pelas caixas de musica, empresas começaram a surgir e para não perderem mercado os artesões começaram a refinar o seu trabalho acrescentando primeiramente entalhes e adereços às caixas. Estas passaram a ser cada vez mais disputadas e com a popularização tornou se necessário criar modelos mais sofisticados, agregando tamboretes, sinetas, castanholas e até mesmo o efeito do som de uma harpa, passando a serem chamadas de “carrilon à musique”, estas melhorias chegaram ao seu ápice em 1862 com o desenvolvimento de um sistema que tornou possível a troca dos cilindros, criando um novo mercado, e possibilitando a aquisição de um vasto repertório.

O vídeo a baixo explica como as caixas de música são feitas nas fábricas modernas, apesar dos equipamentos e materiais utilizados hoje na manufatura delas, o mecanismo continua sendo o mesmo. Apesar de ser em inglês não é difícil entender o processo.
 
 
 
 
 



quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Um pouco da história.


Caixas de Música são na verdade instrumentos musicais mecânicos que executam obras musicais através do uso de disco, cilindros ou hastes metálicas.

A primeira caixa de música nasceu provavelmente, em 1796, pelas mãos do relojoeiro suíço Antoine Favre (1767 *-1828 ), originalmente ela foi projetada para ser integrada dentro dos relógios. Devido a esta característica o formato das primeiras caixas de musica era de um disco plano de metal com pontos que criavam o som.

Não muito tempo depois, os discos foram substituídos por um cilindro metálico com linguetas levantadas e colocadas paralelamente a uma série de lamelas individuais. Todo o processo de produção das caixas de música, neste período, era artesanal e feita por famílias camponesas todos participavam e cada caixa era montada individualmente aproveitando o tempo livre durante os longos períodos de neve. Esta atividade rendia um ganho extra para as famílias e as melhores tornaram se objetos cobiçados nas cidades.

Em 1820, visando melhorar o som e a ressonância das caixas as lamelas foram substituídas por um conjunto de linguetas em uma peça única que recebeu o nome de pente. Outros complementos passaram a ser utilizados para melhorar a sonoridade das caixas, como tamboretes de pele e carrilhões que passam a ter seus martelos decorados com pássaros ou borboletas.

As caixas de musica passaram então a ser objetos desejados, eram o centro das atenções nas casas e tinham lugar de destaque, com suas caixas grandes com entalhes elaborados e muitas vezes incrustações de madrepérola, mas eram também muito diferentes das caixinhas de música que temos hoje.

O formato atual das caixas de música é creditado a Guiseppe Di Trancredi, nascido na cidade de Aosta e herdeiro de uma próspera família de fazendeiros, estudou música e mecânica de precisão em Genebra. Funda uma fábrica de caixas de musicais em Martigny e apesar de ser um grande mestre na criação e elaboração das mesmas era um péssimo administrador e acabou sua vida na miséria, vivendo seus últimos dias em um asilo mantido pelos Franciscanos em Novarra.

Em 1977, porém uma pasta, que pertencerá a Guiseppe, contendo partituras, apontamentos e desenhos, do que seria a primeira caixinha de música moderna, foi parar nas mãos de um relojoeiro aposentado, (infelizmente não consegui localizar o nome dele), e após varias tentativas a caixa de música foi apresentada, na cidade de Novara.

Suas medidas de vinte centímetros de largura, por trinta de cumprimento e quinze de altura eram uma novidade para a época, além de toda a peça ser de uma beleza rara. A caixa, foi feita em alumínio e revestida externamente de ágata com uma delicada decoração com motivos pastoris. De tão preciso, o encaixe da tampa não pode ser visto a não ser com muita atenção, o mecanismo é acionado por uma pequena saliência existente na mão de um pastor pintado na face frontal da caixa.

Apelidada de “Maravilha de Novara”, é uma maravilha da mecânica de precisão, com um leve toque no botão a tampa da caixa levantar suavemente expondo a superfície lisa. Quando a tampa fica num angulo de cem graus, o movimento para e inicia-se a musica, uma versão da Chacona ( partida no. 2, em Ré Menor, BWV 1004) de Johan Sebastião Bach.

Após, um novo compartimento é revelado aquando um pequenino alçapão espelhado se levanta lateralmente, de maneira a formar um angulo de noventa graus com a superfície da caixa. Dentro, uma bailarina aguarda o momento de entrar em cena, no auge da musica, o fundo do compartimento em que ela se encontra sobe lentamente até ficar ao nível da superfície. Quando a operação se completa, a bailarina sai rodopiando ao som da musica, tendo seus passos seguidos pela imagem projetada no pequeno espelho.

Ao acabar a musica, a dançarina retorna ao ponto inicial, desce e o compartimento é fechado pelo alçapão, à tampa retorna automaticamente à posição inicial ao som de uma versão da Tocata e Fuga (em Ré Menor, BWV 525), também de Bach. O artefato é de moto-contínuo, de maneira que não é necessário dar corda para que funcione novamente.
 
Fontes: